1. ECONOMIA SOLIDÁRIA
1.1. CONCEITUAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO
O surgimento da proposta de economia solidária se deu no início do modo de produção capitalista na segunda metade do século XVIII e início do século XIX, na Revolução Industrial que com o uso de máquinas e equipamentos, reduziu a quantidade de trabalhadores e, deixou apenas os necessários para a execução dos trabalhos e operação das máquinas e implementos. Sem ter como produzirem sozinhos, os trabalhadores se organizaram em associações e/ou cooperativas, para juntos produzirem algo que pudesse implementar a renda familiar. Já que os mesmo estavam desempregados.
Entende-se que segundo ARAÚJO (2006) economia solidária, é um conjunto de ações que visão a produção, distribuição, poupança e crédito, organizada por trabalhadores que estão dispostos a empregar sua força de trabalho na produção e de maneira sistemática e coletiva decidirem os destinos da gestão da empresa. Tem grande diferença do modo de produção capitalista, pois no processo capitalista existe um grande hiato entre o proprietário dos meios de produção e a força de trabalho, já na economia solidária, estas duas “figuras” se confundem, pois os mesmos donos das forças de trabalho são os donos dos meios de produção, e são os que decidem a gestão da empresa de modo igualitário.
O maior cuidado da empresa solidária, está na otimização do bem-estar dos trabalhadores-proprietários, diferentemente da empresa capitalista, que sempre está buscando maximizar seus lucros, seja de qualquer forma. A empresa solidária também necessita dos lucros, porém os mesmos são repartidos de forma igualitária e proporcional entre os membros, para o sustento das famílias e, implementação de novas técnicas no processo produtivo.
Tendo características fortes e de implemento de ações que visão o desenvolvimento dos que dela necessitam, a economia solidária é norteada por princípios que visão o melhor aproveitamento da empresa como forma de garantir aos que dela necessitam uma estratégia de sustento e disseminação dos trabalhos. Podemos destacar os principais segundo LUCENA (2009):
· cooperação – os indivíduos que dela necessita devem ter em mente o papel fundamental do que seria a cooperação, visto que neste tipo de empreendimento a organização dos trabalhos é vista como forma fundamental para o crescimento e desenvolvimento da empresa. Os integrantes devem enxergar a propriedade como coletiva, e que todos devem estar engajados no desenvolvimento da mesma.
· autogestão – a gestão da empresa é de responsabilidade de todos. Devem ouvir e debater todas as propostas colocadas para análise e diversas opiniões, para que juntos possam acatar aquelas que são de consenso coletivo.
· atividade econômica – a produção propicia as iniciativas coletivas, unindo esforços, recursos e conhecimentos na prestação de serviços e beneficiamento, crédito, comercialização e consumo.
· solidariedade – tem-se uma preocupação com todos os integrantes envolvidos, buscando sempre o melhor nível de bem-estar de todos de forma igualitária. Tratam o meio ambiente como espaço no qual as gerações futuras possam utilizar-se para desenvolver seus planos e chegar às suas metas.
Assim sendo a economia solidária se torna um poderoso método de combate a exclusão social, apresentando uma gama de formas, nas quais as famílias podem ser inseridas no processo produtivo e obter renda para o seu sustento. Eliminando as desigualdades e difundindo os valores da pessoa humana. A economia solidária vem trazer um programa de integração dos excluídos para produzirem e satisfazer as necessidades de todos, estimulando a formação de alianças estratégicas entre as organizações populares.
1.2. A ECONOMIA SOLIDÁRIA NO BRASIL
Intensificado no Brasil, no período da década de 1980, quando o Brasil abre as portas para o comércio internacional, trazendo para o seu mercado grandes quantidades de produtos importados, o que elevou a competitividade e o desaparecimento de muitas empresas que não tinham condições de manter a produção, visto que os produtos importados tinham preços baixos e/ou alta tecnologia, que impulsionaram a oferta de produtos. Sem condições de diminuírem os custos dos produtos, várias empresas declaram falência, pois se continuassem no mercado os custos ultrapassariam as receitas, tornando inviável o empreendimento.
Para SINGER (2003), alguns empreendedores, que dispunham de recursos para fomentar a sua produção, estes adquiriram máquinas e tecnologias que tornaram seus produtos ainda competitivos. Graças a isto e outros tantos fatores, foi que nesta década e na seguinte, criou-se o maior exército industrial de reserva, pois com as demissões das empresas falidas, somados as que declaram falência, o Brasil se encontrava com grande quantidade de trabalhadores sem emprego.
Uma grande quantidade de trabalhadores em condição de desempregados, sendo muitos desses especializados em sindicatos, estruturam empresas com o potencial de sistema cooperativo de produção, visando um aproveitamento da mão-de-obra dos que estão desempregados, no interesse de produzirem e tentarem sair em disparada no mercado.
No âmbito urbano, a união destas empresas deu origem a Associação Nacional de Trabalhadores em Empresas Autogestionárias e Participação Acionária (Anteag), já no meio rural, temos a criação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), que buscam a posse de terras improdutivas, através da desapropriação, com estratégias de pressão ao governo, que tem este poder. A integração econômica deste mercado com o já existente se dá por meio de formação de cooperativas, lideradas por integrantes que tem formação de técnicos em cooperativismo, buscando cada vez mais a formalização deste mercado, para as possíveis formas de inserção do mesmo.
Apesar de serem autônomas as empresas solidárias necessitam de grande influência dos trabalhos executados por outras, que através de intercâmbios e foros de trocas de conhecimentos, as mesmas conseguem maximizar sua produção e criar um processo de desenvolvimento capaz de a cada ciclo produtivo implementar novas técnicas e conhecimentos adquiridos.
Considerada uma forma de emprego no qual o indivíduo decide quanto e como trabalhar, a economia solidária vem proporcionar aqueles antes excluídos da economia e da sociedade, meios que favoreçam sua inclusão de maneira igualitária. Segundo SINGER (2003) muitos após estarem incluídos no processo cooperativo são chamados para exercerem funções em empresas privadas e de caráter capitalista, porém podemos escutar de muitos, para não dizer de todos, “já não agüentamos mais trabalhar para patrão”.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ARAÚJO, Scheirlla Medeiros de. Economia solidária como forma de inclusão social. Patos – PB: FIP, 2006.
LUCENA, José Jordivan da Costa. O papel da economia solidária na agricultura Familiar Brasileira (uma breve contextualização do estado da Paraíba). Patos – PB: FIP, 2009.
SINGER, Paul. SOUZA, André Ricardo de. A economia solidária no Brasil: a autogestão como resposta ao desemprego. 2. Ed. – São Paulo : Contexto, 2003 – (Coleção economia)
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