sexta-feira, 15 de julho de 2011

Breve análise do Sistema Bretton Woods, e seus principais Problemas

Brief analysis of the Bretton Woods System, and its main problems

José Robson Nunes Gomes1

1 Graduandos do curso de Ciências Econômicas das Faculdades Integradas de Patos (FIP)

RESUMO

O acordo de Bretton Woods, que criou o Fundo Monetário Internacional (FMI) e tornou o dólar norte-americano referência para a paridade das moedas dos demais países, contribuiu de maneira significativa para promover o crescimento e posterior desenvolvimento das nações. Inicialmente as acometidas pela Segunda Guerra, e posteriormente as que estavam no processo inicial de desenvolvimento. Com suas implicações e definições garantiu que com ajuda múltipla, os países podem se estruturar e vivenciar um comércio internacional favorável. Seus principais problemas foram devidamente ditos como da própria imposição das políticas por ele abordada. Para definir as suas imposições foram criados organismos tais como o Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial, que seriam os organismos que manteriam as políticas que o acordo tinham definido.

Palavras Chaves: Bretton Woods; política comercial Internacional; taxa de câmbio; sistema ouro-dólar.

ABSTRACT

The Bretton Woods agreement that created the International Monetary Fund (FMI) and made the United States dollar reference to the parity of the currencies of other countries, has contributed significantly to promote growth and further development of nations. Initially affected by the War, and later they were in the process of advancement. With definitions and their implications assured that with help multiple countries can be structured and experiencing a favorable international trade. Her main problems were said to properly own the imposition of policies addressed by him. To set their charges were created bodies such as the International Monetary Fund and World Bank, which would be the organizations that maintain policies that the agreement had set.

Keywords: Bretton Woods, International trade policy, exchange rate, gold-dollar system.

1. Introdução

1.1. O sistema de Bretton Woods

Em junho de 1944, em Bretton Woods, New Hampshire, estiveram reunidos representantes de 44 países para deliberarem o que chamaram de acordo de Bretton Woods, que veio nortear as principais medidas econômicas e acordarem sobre o planejamento e assinar os Artigos do Acordo que cria o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Mesmo com a continuidade da guerra, os representantes de Estado dos países aliados preocupavam-se com as necessidades econômicas mundiais após a guerra. Lembrando os eventos econômicos desastrosos do período entre as guerras, eles esperavam planejar um sistema monetário internacional que levasse ao pleno emprego e à estabilidade dos preços, embora permitisse que os países obtivessem o equilíbrio externo sem a imposição de restrições ao comércio internacional.

(KRUGMAN,2000)

Estabelecida uma segunda intenção além do FMI, que foi a criação do Banco Mundial, que tinha como principal objetivo, financiar a reconstrução das economias que estavam destruídas pela Guerra. O Banco Mundial não contava somente com um único banco ou uma única visão, foi determinada a formação do “O Grupo Banco Mundial” (MAIA,2003), que além do Banco Mundial crio outros bancos e associações que visavam intensificar o desenvolvimento em cada região que iriam implementar.

· Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (Bird);

· Associação Internacional de Desenvolvimento (AID). A Aid foi criada em 1960 e, em 2000, tinha 161 membros. Seu objetivo é fornecer recursos para os países mais pobres;

· Corporação Financeira Internacional (CFI). A CFI foi criada em 1956 e, em 2000, tinha 174 membros. Tem como objetivo fornecer recursos para as empresas privadas;

· Agência Multilateral de Garantia ao Investimento (Miga). A Miga foi criada em 1988 e, em 2000, tinha 152 membros. Tem como objetivo atrair investimentos diretos para os países em desenvolvimento, fornecendo garantias aos investidores estrangeiros contra riscos não comerciais (riscos políticos)

· Centro Internacional para Solução de Disputas sobre Investimentos (Icsid). O Icsid foi criado em outubro de 1966 e tem como objetivo assegurar o fluxo de investimentos externos para os países em desenvolvimento.

(MAIA,2003)

Temos segundo Maia, que o Bird favoreceu bastante a reconstrução das regiões européias destruídas pela Segunda Guerra; ajudou o terceiro mundo em projetos referentes a transportes, energia e telecomunições, que o Brasil foi bastante financiado neste período, principalmente no governo JK; promover empréstimos para programas sociais, principalmente os ligados a promoverem educação e desenvolverem a agricultura; e; ajudar a resolver o problema da divida externa e estimular a modernização, durante a década de 80.

Uma das maiores proposições do acordo de Bretton Woods é a conversão das moedas dos países aliados em dólar americano. Como o dólar no momento era a moeda mais forte e os Estados Unidos o país de maior potência mundial tinha que a partir desse acordo todas as moedas dos países integrantes tinham como ser cambiadas tendo como unidade de medida o dólar. Ou seja, não mais tínhamos o ouro como padrão de medida, mas agora sim o dólar, portanto, qualquer país poderia transacionar sem necessariamente ter moeda do país a ser transacionado, bastava ter como transacionar com o dólar.

Temos que, por exemplo: um cidadão francês poderia não desejar vender bens para um alemão em troca de DM não conversível porque esses DM seriam úteis apenas quando sujeitos a restrições impostas pelo governo alemão. Sem nenhum mercado em francos não conversíveis, a Alemanha não poderia obter moeda francesa para pagar pelos bens franceses. A única maneira de comercializar seria por meio do escambo, a troca direta de mercadoria por mercadoria. Portanto, tem-se necessário uma moeda universal de troca, para que tenhamos um comercio internacional fortalecido com todas as possíveis transações comerciais.

As taxas de cambio eram tidas como fixas, pois tinham apenas uma variação de 2%, seja 1% para mais ou 1% para menos. Ou seja, a política monetária de um país existia apenas para manter o nível ótimo de moeda que acordou em transacionar. Buscando sempre uma conversibilidade não apenas com a moeda americana, que poderia a qualquer momento depreciar ou ter uma supervalorização, ficou determinado um padrão chamado de ouro-dólar.

Em razão da preponderância norte-americana na fase inicial do sistema de Bretton Woods, ficou acordado que o dólar seria referência para as moedas. O compromisso dos países–membros era manter a taxa de câmbio fixa em relação ao dólar. Os Estados Unidos, por sua vez, comprometeram-se a manter a conversibilidade do dólar em ouro, à razão de US$ 1,00 para 35 onças de ouro. Criou-se, portanto, o que podia ser denominado padrão-ouro.

(Carvalho,2007)

Por estes e vários outros motivos é que o dólar norte-americano tornou-se a principal moeda em circulação no período e até os dias atuais temos a mesma como unidade de medida para as transações internacionais. Os dólares são atraentes, pois além de comprar bens e/ou serviços que os Estados Unidos venham oferecer, podem ser utilizados na aquisição destes determinados produtos de outras nações, e além do mais, é muito vantajoso para os banco centrais manter suas reservas internacionais nesta moeda, pois rendiam juros.

2. Breve abordagem do Fundo Monetário Internacional(FMI)

2.1. Criação do FMI

Na Conferência de Bretton Woods, foi determinado normas e princípios. Para executar estas normas e princípios era preciso criar órgãos que viessem ser os devidos executores. Com isso tem-se a criação do FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL (FMI), que em uma reunião realizada em julho de 1944 e presidida por Henry Morgenthau que era o secretário do tesouro no governo de Roosevelt (presidente dos Estados Unidos). Temos o Brasil participando desta importante evento por intermédio de uma delegação composta por Souza Costa (ministro da Fazenda), entre outros.

2.2. Objetivos

Segundo Maia (2003), temia-se um colapso no comércio internacional, principalmente decorrente da Guerra, era necessário criar uma instituição que contribuísse para a estabilidade financeira e econômica do mundo. Para atingir esses objetivos o FMI, foi criado para:

· Estabelecer paridades monetárias rígidas, que iria manter o mesmo nível das taxas de câmbio, fazendo com que se tenha um mesmo nível de comercialização entre as nações;

· Eliminar os controles cambiais, como tinha uma única transação cambial que era com dólar, e este tinha um cambio “fixo”, portanto, não necessitaria uma transação cambial com várias moedas.

· Dar assistência aos países com problemas nos balanços de pagamentos, que podem ser de duas naturezas: conjunturais (não se repete, ou seja, é causado apenas uma vez, pode ser entendido como uma crise causada por uma ação da natureza, como muitas chuvas ou longo período escasso) e estruturais (repetindo a cada ciclo, o problema está na própria estrutura do país); e

· Fornecer recursos monetários aos países membros, quando justificáveis, pode destacar bem a importância das políticas de intenção utilizadas pelo FMI para a concessão de empréstimos, pois para o país garantir o recurso deve seguir as normas estabelecidas pelo mesmo. Desse modo o FMI garante que o recurso vai ser utilizado para estabilizar a economia e, no período por ele estabelecido, terá como receber o recurso juntamente com o juro.

2.2. Adesão ao Fundo

Segundo Mendes (2005), no FMI, cada nação integrante participava com uma cota (baseada em sua importância econômica e no volume de seu comércio internacional) que determinava o seu poder de voto e a capacidade de tomar empréstimos do fundo. O país-membro deveria pagar um quarto de sua cota em ouro e os três quartos restantes na moeda do país, sob a forma de uma nota promissória resgatável que não rendia juro.

Como cada país tinha uma reserva no FMI, ele poderia no momento desejado levantar um empréstimo do conjunto de moedas nacionais mantidas pelo fundo, para regularizar um déficit no Balanço de Pagamentos, sendo esta quantidade de moeda vinculada a sua cota. Temos segundo Mendes (2005), que cerca 25% desta era automaticamente colocado À sua disposição, e o restante tinha sua disposição sujeita a análise.

Para Maia (2003), o FMI se reúne a cada ciclo de cinco anos, e deliberam sobre a quantidade nas quotas dos países-membros, para definirem os ajustes nas mesmas, e os outros ajustes que julgarem pertinentes. Portanto, os países membros a qualquer momento podem solicitar ao fundo uma revisão de suas cotas, para modificarem (quase que sempre para mais) o valor que podem adquirir via empréstimos do fundo sem que venham a ser submetidos pela Junta de Governadores.

3. O colapso de Bretton Woods

O maior problema de Bretton Woods é a verdadeira imposição de uma taxa de cambio fixa para o dólar. Diferentemente do padrão-ouro onde o ouro não rendia juros em relação às moedas, o que permitiu que as nações européias e o Japão adquirissem suas reservas internacionais, já que o dólar era adquirido por um preço fixo de US$ 35 para cada onça.

O dólar norte-americano teve uma enorme evasão de capitais (investimentos diretos na Europa) e um elevado índice de inflação nos Estados Unidos, estes e outros fatos levaram a um grande déficit no Balanço de Pagamentos dos Estados Unidos.

O sistema permitia o recurso a uma desvalorização cambial como última instância, depois de fracassados os ajustes internos possibilitando por política monetária e comercial. Ainda assim, a variação cambial deveria ser adotada na hipótese de um “desequilíbrio fundamental” nunca definido de forma clara. Esta falta de definição de uma regra básica para Krugman (2000) tinha que o ajuste entre as economias é apontada como uma das causas da falência do sistema.

[...] os fluxos brutos internacionais de capitais faziam com que a velocidade de circulação do ouro pudesse crescer sem limites. Ou seja, como os empréstimos americanos de longo prazo retornavam aos Estados Unidos sob a forma de empréstimos de curto prazo, não ocorria alteração de volume de reservas em ouro e a velocidade de circulação do ouro superava a unidade.

(OLIVEIRA, 2008)

4. O Fim de Bretton Woods

As condições de conversibilidade oficial estabelecidas originalmente no sistema de Bretton Woods esgotaram-se em agosto de 1971, quando fi suspensa a convertibilidade do dólar em relação ao ouro, e subsequentemente em relação à convertibilidade entre dólar e outras moedas.

A questão se acirrou Maia (2003) com as Guerras da Coréia e do Vietnã, com a política expansionista da década de 60 e os conseqüentes aumentos nos déficit público e comercial americanos. A partir desta época, a desvalorização da libra (1967), o mercado duplo de ouro (1968) e as crises especulativas do final da década foram passos no caminho de destruição do sistema montado.

Seu fim, segundo Carvalho (2007) foi decretado por Nixon em 1971, com o rompimento da conversibilidade do dólar em relação ao ouro. Desde então, seguiu-se um período de forte instabilidade, baseada em taxas flutuantes de câmbio, depois de 1973. Houve uma grande desvalorização do dólar que, apesar de ainda ser a principal reserva internacional, perdeu importância, principalmente em relação ao Ien e ao Marco Alemão.

5. Considerações Finais

O sistema de Bretton Woods foi importante para a economia no momento em que foram impostas suas medidas, pois contribui para promover a reestruturação das economias dos países devastados pelas Guerras. E em segundo momento favoreceu o desenvolvimento de países-membros que necessitavam de recursos para manterem um nível ótimo de crescimento econômico.

Portanto para analisar as vantagens do sistema, temos que observar de maneira bem critica os pontos negativos e os seus principais problemas, para que, quando os países venham adotar medidas intervencionistas em suas economias possam analisar e julgar bem os problemas enfrentados pelas imposições do sistema.

6. Referências Bibliográficas

CARVALHO, Maria Auxiliadora de. SILVA, César Roberto Leite da. Economia Internacional. 4ª Edição. São Paulo. Saraiva, 2007.

KRUGMAN, Paul R.. OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional, Teoria e Política. 5ª Edição. São Paulo. Pearson Education, 2000.

MAIA, Jayme de Mariz. Economia internacional e comércio exterior. 8ª Edição. São Paulo. Atlas, 2003.

MENDES, Lívia Medeiros. Do padrão ouro a Bretton Woods: algumas considerações. Brasília : UNB, 2005. Disponível em: <http://vsites.unb.br/face/eco/peteco/dload/monos_022005/livia.pdf> acesso em 10 de junho de 2011

OLIVEIRA, Giuliano Contento de. MAIA, Geraldo. MARIANO, Jefferson. O sistema de Bretton Woods e a Dinâmica do Sistema Monetário Internacional Contemporâneo. In: VII Congresso Brasileiro de História Econômica, 2007, Aracaju. VII Congresso Brasileiro de História Econômica, 2007. Disponível em <http://www.pucsp.br/pos/ecopol/downloads/pesquisa_debate/05_24_07_def.pdf> acesso em 10 de junho de 2011

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